Blog “Preparando-se
para os Concursos Públicos”, de autoria de Álaze Gabriel.
Autoria:
William Douglas.
Prof. Ms. em Direito, juiz federal e um dos maiores experts em concursos
públicos do Brasil.
Adaptação:
Álaze Gabriel. Graduado em Gestão de Negócios pela UBC (2012), bacharelando em
Estatística pela UFSCar (2013), especializando no MBA em finanças e Controladoria (2013), blogueiro (20 blogs), concurseiro (7 concursos
públicos realizados).
INTRODUÇÃO
1º DICA: OBTENDO
O MÍNIMO NECESSÁRIO DE MOTIVAÇÃO
A primeira atitude de que alguém precisa para
passar em concursos é a motivação. Uma pessoa motivada é mais feliz e
produtiva. Motivação é a disposição para agir, podendo ser entendida
simplesmente como "motivo para a ação" ou "motivos para
agir".
Você precisa de motivação. Ela é quem nos anima e
ela é quem nos faz "segurar a barra" nas horas mais difíceis e
recomeçar quando algo dá errado. Porém... isto você já sabe. O que todo mundo
quer saber é: Como conseguir motivação?
A motivação é pessoal: só você pode dizer o que lhe
dá ânimo para trabalhar, prosseguir, crescer. As outras pessoas podem ajudar na
motivação, mas não nos dá-la de presente.
A primeira motivação é você cuidar bem de si mesmo,
ser feliz. Costumo dizer que você vai passar o resto da vida
"consigo", que pode se livrar de quem quiser, de qualquer coisa, menos
de você mesmo. Por isso, deve cuidar bem de sua mente, corpo e projetos,
sonhos, futuro.
Mas existem outras motivações. Jeová Deus pode ser
uma fonte de ânimo e consolo, de força para viver e prosseguir. Além disto, se
você for uma pessoa com sucesso profissional e capaz, poderá servir mais ao
trabalho para sua divindade.
Segundo Maslow, o ciclo motivacional está
intimamente relacionado à satisfação de nossas necessidades, humanas, a saber:
fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização. Assim,
aumentar nossa motivação requer que satisfaçamos nossas próprias necessidades.
A seguir alisto alguns aspectos relevantes que devemos considerar:
Família: ajudar a família, ter dinheiro e
tempo para o parceiro amoroso, filhos, pais, irmãos, é uma das mais fortes
injeções de disposição para o estudo e o trabalho.
Riqueza: Existem muitas formas de
riqueza, sendo o dinheiro a menor delas. Paz, saúde, equilíbrio, família,
sucesso, fama, ser benquisto e admirado, tudo isto são formas de riqueza, que
podem ser escolhidas por você e servirem como estímulo.
Dinheiro: O dinheiro nunca deve ser o
motivo principal de uma escolha, mas é perfeitamente lícito e digno a pessoa
querer ganhar dinheiro. Basta que seja dinheiro honesto. O dinheiro serve para
comprar muitas coisas úteis e prazerosas. Assim, se você quer estudar para ter
mais dinheiro para gastar, tudo bem, é um bom motivo.
Tempo: Quanto melhor você estudar e
quanto mais resultado tiver, mais tempo você terá para fazer outras coisas. E
as fará com mais tranqüilidade e segurança.
Resolver
problemas com prontidão: conheço amigos para os
quais o concurso serviu para resolver problemas. Um deles, o Professor Carlos
André Tamez, do Curso Aprovação, estudou para ser Auditor da Receita, pois
morava no Rio de Janeiro e sua amada, em Curitiba. O concurso serviu para ele
poder trabalhar na cidade que desejava. E conheço uma amiga para quem o
concurso serviu para poder se separar sem depender de pensão do ex-marido. Para
outro, o concurso foi a fonte de dinheiro para montar seu consultório dentário.
Nunca devemos deixar para o amanhã os problemas que podemos resolver no aqui e
no agora.
Segurança: O estudo e o concurso trazem
segurança, seja a de ter alternativas, seja a de ter emprego, dinheiro,
aposentadoria etc. São bons motivos.
Motivação é tarefa de todos os dias!
Entenda que todo projeto de longo prazo terá
momentos de grande ânimo, momentos normais e momentos de desânimo, e vontade de
desistir. Sabendo disso de antemão, procure se preparar para os dias de baixa:
eles virão e você vai precisar aprender a lidar com eles.
A motivação deve ser trabalhada diariamente. Todos
os dias você pode e deve lembrar dos motivos que o estão fazendo estudar, ter
planos, persistir.
A motivação deve ser redobrada nos momentos de crise, de desânimo e cansaço. Em
geral, ela vai segurá-lo. Algumas vezes, você vai "surtar", ter uma
crise e parar um tempo. Tudo bem, tenha a crise, faça o que quiser, mas volte a
estudar o mais rápido possível. De preferência, recomece no dia seguinte.
Dicas de
motivação
1) Você pode criar técnicas para se animar. Eu
usava uma xerox do contraqueche (hollerith) de um amigo que já tinha sido
aprovado. Quando eu começava a querer parar de estudar antes da hora, olhava o
contracheque que eu queria para mim e conseguia continuar estudando mais um
tempo. Conheço gente que tem a foto de um carro, de uma casa, uma nota de 100
dólares, a foto de onde quer passar as férias de seus sonhos. E tem gente com
foto da esposa, do marido, dos filhos.
2) Outra dica importante: esteja perto de pessoas
com alto astral, animadas, otimistas, e de pessoas com objetivos semelhantes.
Evite muito contato com pessoas que não estejam trabalhando por seus sonhos,
que vivam reclamando de tudo, que não queiram nada. Escolha as pessoas com as
quais você estará em contato e sintonizado. O canarinho aprende a cantar,
ouvindo outro canário. E canários juntos cantam melhor. Esteja perto de quem
cante ou goste de cantar.
Motivação: dor ou prazer. O ser humano age
basicamente por duas motivações primárias: obtenção de prazer ou fuga da dor.
Quando alguém deixa de saborear uma apetitosa sobremesa, pode estar querendo
evitar a dor de engordar; quando a saboreia, está buscando o prazer do paladar.
Há pessoas que estudam para evitar dor (nota baixa, reprovação, fracasso) e
pessoas que estudam para obter prazer (aprender, saber, acertar, crescer, ter
sucesso na prova etc.). Embora o objetivo seja o mesmo (estudar), a motivação
pode ser completamente diferente. Acontece que, comprovado em 23 anos de estudo
e experiência, mesmo com um objetivo idêntico (por exemplo, passar no
vestibular ou concurso público), o desempenho de quem tem motivação positiva
(buscar prazer) é bastante superior ao daquele que atua por motivação negativa
(evitar dor).
2ª DICA: DOZANDO
A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO
Todo mundo já se pegou estudando sem a menor
concentração pensando nos momentos de lazer, e todo mundo já deixou de aproveitar
as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa, remorso mesmo, porque
deveria estar estudando.
Esta inversão de fazer uma coisa e pensar em outra
causa desconcentração, stress e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além
da perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante
palestras e seminários pelo país, contatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são estes:
· medo do insucesso (gerando ansiedade,
insegurança);
· falta de tempo; e
· a "competição" entre o estudo ou
trabalho e a praia, cinema, namoro, etc.
E então, você já teve estes problemas? Todo mundo
sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito
conhecimento, estudo e dedicação, mas como conciliar o tempo com as preciosas
horas de lazer ou descanso? Este e outros problemas atormentavam-me quando eu
era estudante de Direito e depois quando passei a preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade
dos concursos (que pagam salários de até R$ 12.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos
familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo
1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é
impossível e que quem é reprovado pode "dar a volta por cima".
Dá para, com um pouco de organização, disciplina e
força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço
para lazer, diversão e pouco ou nenhum stress. A qualidade de vida associada às
técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a tradicional imagem da
pessoa trancafiada estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas,
concursos, entrevistas, etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) Clara definição dos objetivos e técnicas de
planejamento e organização;
2º) Técnicas para aumentar o rendimento do estudo,
do cérebro e da memória;
3º) Técnicas específicas sobre como fazer provas e
entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece mas que podem
ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um
aprendizado melhor e mais sucesso em provas escritas e orais (inclusive
entrevistas). Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já
podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão aumentar seu
desempenho.
Para melhorar a "briga" entre estudo e lazer,
sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse,
basta um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro
horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma "prisão", este procedimento facilitará as coisas para você.
Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que quer dar mais tempo e
a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo você vai ver que
isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo
suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
namoro. Sem isso, o stress será uma mera questão de tempo. Por incrível que
pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o seu rendimento final no estudo
aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher
quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em uma
enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar "mensagens"
sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem seu tempo definido. Isto
aumentará a concentração no estudo, o rendimento, e o prazer e relaxamento das
horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de
diminuir o stress e aumentar o rendimento, em tudo.
3ª DICA: CONSTRUINDO
UMA PERSPECTIVA FAVORÁVEL SOBRE FAZER UMA PROVA DE CONCURSO PÚBLICO
A primeira coisa que se precisa em uma prova é
calma, tranqüilidade. Se você começar a ficar nervoso, sente-se e simplesmente
respire. Respire calma e tranqüilamente, sentindo o ar, sentindo sua própria
respiração. Após uns poucos minutos verá que respirar é um ótimo calmante.
Procure manter-se em estado alfa, ou seja, combine calma e atenção.
Comece a ver a prova como algo agradável, como uma
oportunidade, visualize-se calmo e tranqüilo. Lembre-se que “treino é treino e
jogo é jogo” e que os jogadores gostam mesmo é de jogar: a prova é a
oportunidade de jogar pra valer, de ir para o campeonato.
Fazer provas é bom, é gostoso, é uma oportunidade.
Conscientize-se disso e enquanto a maioria estiver tensa e preocupada, você
estará feliz e satisfeito. Um dos motivos pelos quais eu sempre rendi bem em
provas é porque considero fazer provas algo agradável. Imagine só, às vezes a
gente vai para uma prova desempregado e sai dela com um excelente cargo! Mesmo
quando não passamos, a prova nos dá experiência para a próxima vez. Comece a
ver, sentir e ouvir “fazer prova” como algo positivo, como uma ocasião em que
podemos estar tranqüilos, calmos e onde podemos render bem.
Ao fazer uma prova, nunca perca de vista o
objetivo: passar. O objetivo não é ser o primeiro colocado (o que é uma grande
ilusão, já que ser o primeiro traz mais problemas do que vantagens). Também não
é mostrar que é o bom, o melhor, o “sabe-tudo”. O objetivo é acertar as
questões, tentar fazer o máximo de pontos mas ficar feliz se acertar o mínimo
para passar. Só isso.
A simplicidade e a objetividade são indispensáveis
na prova, ladeadas com o equilíbrio emocional e o controle do tempo. Para
passar lembre-se que você precisa responder aquilo que foi perguntado. Leia com
atenção as orientações ao candidato e o enunciado de cada questão.
Em provas objetivas, seja metódico ao responder. Em
provas dissertativas, seja objetivo e mostre seus conhecimentos. Por mais
simples que seja a questão, responda-a fundamentadamente. No início e no final
seja objetivo; no desenvolvimento (no miolo), procure demonstrar seus
conhecimentos. Nessa parte, anote tudo o que você se recordar sobre o assunto e
estabeleça relações com outros. Sem se perder, defina rapidamente conceitos e
classificações. Se souber, dê exemplos. Aja com segurança: se não tiver certeza
a respeito de um comentário, adendo ou exemplo, evite-o. “Florear” a resposta
sem ter certeza do que está escrevendo não vale a pena. Isso só compensa se
tratar-se do ponto central da pergunta, do cerne da questão. Nesse caso, se o
erro não for descontado dos acertos, arrisque a resposta que lhe parecer
melhor.
Utilize linguagem técnica. A linguagem de prova é
formal, de modo que não se deixe enganar pela coloquial. Substitua termos, se
preciso. Ex.: “Eu acho”, “Eu entendo”, “Entendo que”.
Correção lingüística. Tão ruim quanto uma letra ilegível
ou uma voz inaudível é a letra bonita ou a voz tonitruante com erros de
português. O estudo da língua nunca é desperdício e deve ser valorizado. Além
disso, a leitura constante aumenta a correção da exposição escrita ou falada.
Evitar vaidades ou “invenções”. Muitos querem
responder o que preferem, do jeito que preferem. Em provas e concursos temos
que atentar para a simplicidade e para o modo de entender dominante e/ou do
examinador. Aquela nossa tese e opinião inovadora, devemos guardá-la para a ocasião
própria, que certamente não é a do concurso.
Tenha sempre humildade intelectual. Não queira
parecer mais inteligente que o examinador ou criticá-lo. Não se considere
infalível, sempre prestando atenção mesmo a questões fáceis ou aparentemente
simples. Nunca despreze uma opinião diversa.
“Teoria do consumidor”. Além desses cuidados, temos que ter um extra com alguns
examinadores. Lembre-se que todo professor, quando aplica uma prova é, na
prática, um examinador. A grande maioria dos examinadores aceita que o
candidato tenha uma opinião divergente da sua. Há, contudo, alguns mestres e
bancas um tanto mais inflexíveis, casos em que será exigido do candidato uma
dose de fluidez, docilidade, suavidade e brandura.
Junte-se a isso o ensino daqueles que sabem atender
ao consumidor: o importante é satisfazer o cliente, o cliente tem sempre razão,
o atendimento é tão importante quanto o produto.
Esta técnica ensina que o candidato deve ser
prudente e pragmático. Pragmatismo, anote-se, é a “doutrina segundo a qual a
verdade de uma proposição consiste no fato de que ela seja útil, tenha alguma
espécie de êxito ou de satisfação”.
O candidato precisa ter fluidez e maleabilidade
suficientes para moldar-se à eventual inflexibilidade do examinador. Se o seu
professor só considera correta uma posição, devemos ter cuidado ao responder
pois a prova não é a ocasião mais adequada para um enfrentamento de idéias, até
porque ele é quem dá a nota, havendo uma grande desigualdade de forças. Existem
os momentos adequados para firmar nossas opiniões e pontos de vista e isso é
absolutamente indispensável, desde que na hora certa.
Letra legível, palavras audíveis. Se o examinador
não consegue decifrar sua caligrafia nem ouvir sua voz, isso irá prejudicar a
quem? Quem tem o maior interesse em ser lido, ouvido e entendido? Será que
todos os examinadores, profissionais ocupados e atarefados, diante de centenas
ou de milhares de provas para corrigir, terão tempo e compreensão diante de uma
letra ilegível? Na hora da prova faça letra bonita, de preferência redondinha
(ou, no mínimo, em caixa alta), a fim de que ela fique legível. Treine sua
oratória para saber falar razoavelmente.
4ª DICA:
FAZENDO PROVAS
A realização de provas exige cuidados específicos
para cada momento, que serão objeto de nossa atenção a partir de agora. Cada
fase da preparação ou da prova tem suas técnicas. Não se assuste, achando que
são muitas: como a técnica ajuda, quanto mais técnicas melhor.
A técnica da prática: aprenda a fazer, fazendo. Só
se adquire segurança na realização de provas de concursos públicos,
realizando-as. Só se fica “fera” em processos seletivos, realizando-os,
passando por eles, fazendo-os. Por isso, aconselho o leitor a treinar o mais
que puder a realização de provas. A experiência constitui um excelente trunfo
na hora de um campeonato ou de um concurso.
Estes anos correndo o país me mostraram que pouca
gente treina fazer provas. E esta é a grande dica: faça provas. Os cursos que
mais aprovam são os que levam seus alunos a treinarem fazer provas, os
candidatos que passam são os que treinaram fazer provas.
Para fazer provas, existem duas maneiras: simulados
e provas reais. O ideal é que o candidato faça as duas, ou seja, que treine
fazer provas e questões e que se inscreva em concursos para a área que deseja.
Para os simulados, recomendo a você resolver
questões e provas da matéria que estudou, como forma de fixar o conteúdo,
periodicamente, fazer um concurso simulado, reprisando o tempo real da prova, o
uso apenas do material permitido e, claro, utilizando provas de concursos
anteriores. Outra dica boa é fazer os simulados filantrópicos cada vez mais
comuns nos cursos preparatórios.
Falemos mais um pouco sobre este importante item.
VÁ FAZER AS PROVAS. Há pessoas que deixam de fazer
uma prova por não se considerarem “preparadas” e deixam de adquirir experiência
e até mesmo, algumas vezes, ser aprovadas. Mesmo que ainda esteja começando a
se preparar, vá fazer as provas. Se for para alguém dizer que você ainda
precisa estudar mais um pouco antes da aprovação, deixe que a banca examinadora
o faça. Quem sabe o dia da prova não é o seu dia? Asseguro que, pelo menos,
você irá adquirir experiência, ver como está o seu nível, como é estar “no meio
do jogo” etc. Ao chegar em casa, procure nos livros as respostas: a fixação
daquilo que você pesquisar nessa ocasião é sempre muito alta. Analise o
gabarito e, se for possível, participe da vista de prova. Se o resultado for
abaixo de sua expectativa, não desanime: apenas continue estudando e agregando
conhecimentos. A coisa funciona assim mesmo: a gente normalmente “apanha” um
pouco antes de começar a “bater”.
TREINE EM CASA. Mesmo que você não tenha como fazer as provas, é
possível adquirir boa parte dessa experiência em casa, treinando. Reúna provas
de concursos anteriores ou comercializadas através de cadernos de testes e
livros, separe o material de consulta permitido pelo Edital, o número de
questões, o tempo de prova, etc. E faça a prova! Tente simular uma prova do
modo mais próximo possível daquele que irá encontrar no dia do concurso.
Aproveite esses “simulados” para aprender a administrar o tempo de prova. Se os
cursos preparatórios oferecerem provões ou simulados, participe.
TREINOS ESPECIAIS. Depois de algum treino, passe a
ficar resolvendo mais questões por um tempo um pouco maior (p. ex., uma hora a
mais) do que o que terá disponível no dia da prova, o que serve para aumentar
sua resistência. Outro exercício é resolver questões em um tempo menor,
aumentando a pressão. Por exemplo, se a prova terá 4 horas para 50 questões de
múltipla escolha, experimente tentar responder esse número de questões em 3
horas ou 3 horas e meia. Em seguida, responda a outras questões até completar o
tempo de 4 horas. Se você está acostumado a resolver questões com uma pressão
maior do tempo e com uma longa duração (5 ou 6 horas, por exemplo), ficará mais
à vontade em provas em condições menos severas. Contudo, à medida em que a data
do concurso for se aproximando, passe a realizar mais provas simuladas em
condições absolutamente iguais às que você irá enfrentar.
5ª DICA:
MUDANDO DE PARADIGMA
Se você está acostumado a pensar numa prova apenas
como aluno, aprenda a mudar esse paradigma. Você também precisa ver a prova com
os olhos do examinador. Se um médico, um engenheiro, um advogado e um político
virem uma ponte ruir e pessoas se ferirem, é possível que haja quatro modos de
avaliar o fato: um pensará em socorro médico, outro em qual foi a falha na
construção, outro em ações de indenização, e o último em mais um ponto de sua
plataforma eleitoral.
Enquanto você não aprender a ver a prova não como
quem quer acertar (o aluno) mas como quem quer ver se está certo (o
examinador), as suas provas terão menos qualidade.
Em duplas ou grupos, passe a fazer provas e
trocá-las para a correção. Corrija-as como se fosse o próprio examinador. Você
aprenderá a ver a prova com outros olhos e isto facilitará seu desempenho
quando reassumir o papel de aluno. Treine para fazer provas orais reparando a
postura e respostas do colega como se você fosse da banca.
Humildade
intelectual
Nunca despreze uma ideia nova ou uma opinião sem
meditar e refletir.
Nunca despreze uma idéia por causa de sua fonte, por exemplo, por ser de alguém
que você não gosta, ou que é pobre, ou que é de outra raça, ou de outra
religião, ou de outro estado, ou de outro sexo, ou de outra qualquer coisa.
Avalie as idéias pelo seu valor e não pela sua origem ou roupagem.
Além disso, é preciso conhecer o que há, o que já
existe, nem que seja para sustentar uma tese inteiramente nova. Caso contrário,
pode ocorrer aquela história onde um ateu foi para o Clube dos Herejes e, na
portaria, perguntaram-lhe se havia lido a Bíblia, o Talmude, etc. O ateu disse
que não leu nada porque era ateu, e o mandaram para o Clube dos Ignorantes.
Resumos e
cores
Ao estudar faça resumos, esquemas, gráficos,
fluxogramas, anotações em árvore, mencionados no item abaixo. Organize-se para
periodicamente, ao estudar a matéria, reler os resumos que tiver preparado. Uma
boa ocasião é fazê-lo a cada vez que for começar a estudar a matéria. Quando o
número de resumos for muito grande, divida-os de forma a que de vez em quando
(semana a semana ou mês a mês) você dê uma “passada” por eles. Essa revisão
servirá para aumentar de modo extraordinário seu aprendizado e memorização.
O uso de mais de uma cor em suas anotações é
proveitosa, pois estimula mais a atenção e o lado direito do cérebro. Alguns
alunos gostam de correlacionar cores com assuntos ou com referências. Por
exemplo, o que está em vermelho são os assuntos mais “quentes” para cair, o que
está em azul são exceções, princípios na cor verde, e assim por diante. Dessa
forma, as cores também funcionam como uma espécie de ícone.
SQ3R
Morgan e Deese mencionam estudos feitos pela
Universidade de Ohio nos quais se identificou aquele que seria o melhor método
de estudo: o SQ3R. Este eficiente método pode ser utilizado isoladamente ou em
combinação com outros, sendo referido por praticamente todos os livros que
tratam do assunto (metodologia, aprendizado, leitura dinâmica, memorização,
etc.).
Nesse sistema nós reaprenderemos a ler, agora não
mais em um passo, mas em cinco. Por demorarmos mais tempo para ler com o SQ3R,
aparentemente estará havendo “perda” de tempo. Mas isso é só aparência. Embora
se leve um pouco mais de tempo, o ganho de fixação é tão superior que compensa
com sobras o esforço de aprender esta nova dinâmica de leitura, em fases. É
claro que o leitor só usará este sistema quando achar conveniente, ficando ele
como mais um recurso disponível.
As duas primeiras fases (S e Q) servem para aguçar
a curiosidade mental e dar uma noção do que se busca, servem para “abrir” o
cérebro e “arar” a terra onde serão lançadas as novas informações. As três
fases seguintes (3R), que correspondem a três formas diferentes de se ler,
correspondem a três momentos de fixação cerebral, um complementar do outro.
O conjunto facilita o estabelecimento mental de relações
e associações, a apreensão, a memorização e a “etiquetação mental”. Em resumo:
1º – Defina o que você está procurando ou quer
aprender.
2º– Formule perguntas e questões.
3º – Leia o texto rapidamente, prestando atenção
aleatoriamente a termos isolados, lendo os títulos e subtítulos, reparando as
figuras, as notas, os termos em negrito. Essa leitura é um “vôo geral” sobre o
que será lido em seguida.
4º – Leia tradicionalmente, com atenção, e, se
quiser, sublinhando o que achar mais importante.
5º – Releia o texto, revisando o que for mais
importante. Veja se respondeu às perguntas formuladas de antemão. Reforce os
pontos de menor fixação.
Formule perguntas sobre o que se sabe, o que vai
ser tratado, o que se quer aprender. Prepare perguntas a serem respondidas.
Levante dúvidas. Isso “abre as portas” para a matéria que virá em seguida.
Na primeira leitura, procure apenas a idéia
principal, detalhes importantes que sejam rapidamente captados, veja “qual é o
lance”. Essa primeira leitura é rápida, “descompromissada”, sem a preocupação
com a compreensão total. É um vôo sobre uma floresta antes de descer para
caminhar por ela.
Na segunda leitura faça uma análise melhor, a
leitura tradicional, comece a tirar suas conclusões pessoais, a criticar,
concordar, anotar, sublinhar, etc. Esta leitura é o passeio a pé pela floresta.
Na terceira leitura, você já pode sintetizar,
resumir, etc. Aqui você utilizará e melhorará eventuais anotações rápidas
feitas na 2ª leitura. Ao final dela você já deverá sentir-se apto a fazer uma
explanação sobre o tema. Essa leitura é aquela onde se anota o que ficou de
mais emocionante ou importante da visita à floresta, é aquela onde você,
novamente do avião, registra os pontos mais bonitos, onde existe esta
cachoeira, aquela nascente ou aquela árvore fenomenal, etc.
Após terminar o estudo pelo SQ3R, pegue o
questionário previamente preparado e veja se já pode respondê-lo. O que você
responder é o que já foi fixado. Procure em seguida as respostas para as
perguntas que não tiver respondido, o que servirá como excelente forma de
aprender e fixar a matéria.
6ª DICA: ADMINISTRANDO
COM COMPETÊNCIA O TEMPO DE ESTUDO: INDIVIDUALIZAÇÃO E QUALIDADE
O tempo de estudo não é uma parte isolada de nossa
vida, mas uma parcela do tempo em interação com as demais atividades. Para se
ter um bom horário de estudo é preciso harmonização, pois ninguém pode apenas
estudar. É preciso cuidar da administração do tempo, que envolve vários
fatores, entre os quais reluzem a responsabilidade com nossos objetivos e a
flexibilidade para adaptar o que for possível e para se adaptar às
circunstâncias.
A administração do tempo abrange o tempo de cada
uma de nossas diversas atividades, algo tão grave e sério que às vezes nos
causa certa angústia. A Bíblia, em muitas passagens, fala a respeito da
administração do tempo.
A administração do tempo abrange o tempo de cada
uma de nossas diversas atividades, algo tão grave e sério que às vezes nos
causa certa angústia. A Bíblia, em muitas passagens, fala a respeito da
administração do tempo.
Em Efésios 5:16 fala em agir "remindo o tempo,
porque os dias são maus", sendo que uma tradução mais recente utiliza os
termos "usando bem cada oportunidade". Remir, como se sabe, significa
salvar, resgatar, adquirir de novo. Essa preocupação com o tempo excede em
muito a preocupação com a data da prova. Ela se liga à fugacidade da vida, ao
seu caráter transitório e efêmero.
Isso foi retratado por Tiago (Cap. 4, vers. 14) ao
dizer: "Que é a vossa vida? Sois, apenas, como uma neblina que aparece por
um instante e logo se dissipa" ao passo que o Salmista disse que
"tudo passa rapidamente, e nós voamos" (Salmo 90:10).
Se administrar o tempo é algo assim tão valioso, é óbvio que administrar o
nosso tempo de estudo também o é. Seja porque o estudo ajuda a vencer em nossa
curta vida, seja porque nosso tempo é limitado e, portanto, devemos saber
dividi-lo harmoniosamente.
Procurando o ideal. A idéia normal de quem está estudando é a de saber qual o
número ideal de horas de estudo para se alcançar sucesso. É por essa razão que
uma das perguntas que mais ouço é: "Quantas horas você estudava por
dia?"
Já ocorreu de um aluno me perguntar quantas horas
eu estudava, pois ele, já que não era tão inteligente quanto eu, estudaria o
dobro e, assim, passaria no concurso. Obviamente, disse a ele 1) que não existe
isto de mais ou menos inteligente, mas sim a pessoa usar ou não a inteligência
que todos temos e 2) que o importante não era quantas horas eu estudei mas
quantas ele poderia estudar.
Embora equivocado quanto ao método, repare que esse
aluno tinha um objetivo e estava "matutando", pensando em como chegar
lá. Isso é positivo. O fato de estar equivocado foi resolvido, pois, além de
ele estar procurando soluções, ele fez perguntas.
E só quem pergunta (ao professor ou aos livros)
pode obter respostas.
O importante é o seu horário. Perguntar quantas horas outra pessoa estudava não
tem utilidade porque ninguém tem sua vida igual à de outrem: uns trabalham,
outros não; uns vão à igreja, outros não; uns são solteiros, outros casados,
outros mais ou menos; uns têm filhos, outros não. O que adianta saber é quantas
horas você estuda, ou, mais, quantas pode estudar por dia ou por semana.
Além do mais, o certo é perguntar, primeiro, como
estudar e, depois, quantas horas você pode aproveitar para estudar. O número
ideal de horas para se estudar é: o maior número de horas que você puder,
mantida a qualidade de vida e do estudo. Esse é o número.
Quantidade
x Qualidade do Estudo. Como tudo na vida, importa mais a qualidade do que a quantidade. Há
quem estude doze horas por dia e seu resultado prático seja inferior ao de
outro que estuda apenas uma hora por dia. Por quê? Por causa de inúmeros
fatores, como a concentração, a metodologia e o ambiente de estudo. Mesmo
assim, os estudantes e candidatos preocupam-se apenas com "quantas
horas" ele ou o colega estuda por dia, e quase não se vê a preocupação com
o "como" se estuda.
Quem se preocupa apenas com "quantas" horas se estuda, esquece do
desperdício de tempo de estudo por causa de sua baixa qualidade.
Como ensinou Deming (obra citada), "a
produtividade aumenta à medida que a qualidade melhora", pois há menos
retrabalho (fazer de novo o que foi mal feito), pois há menos desperdício.
Quantidade
x Qualidade x Qualidade + Qualidade. Embora a qualidade seja o mais importante, é óbvio
que você precisa dedicar uma quantidade de tempo para estudar. Se pode estudar
2 horas por dia, não estude apenas "uma com qualidade" e desperdice a
outra: estude as duas com qualidade. Se João estuda uma hora com qualidade e
José duas horas sem qualidade, João estudou mais. Porém, se João estuda uma
hora com qualidade e José duas horas com qualidade, José estudou mais.
Uma das vantagens de estudar para um concurso é que até passar você sacrifica
uma considerável parte do seu tempo, mas após sua aprovação pode refazer seu
horário do jeito que preferir. Pode até voltar a fazer o que fazia, só que com
sua vida profissional resolvida, já curtindo o seu sucesso e, é claro, com mais
status e dinheiro no bolso.
Uma hora de estudo com qualidade vale mais do que 5 horas de estudo sem
qualidade. Contudo, cinco horas de estudo com qualidade valem mais do que 1
hora de estudo com qualidade. Assim, você deve reservar o maior tempo possível
para estudo, apenas com o cuidado de separar tempo para descansar, relaxar,
etc.
O resultado da soma da quantidade com a qualidade
pode ser expresso pelo que se lê em II Coríntios 9:6: "Aquele que semeia
pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância
também ceifará .
7ª DICA: FAZENDO
FUNCIONAR UM PROJETO DE ESTUDO
O primeiro passo que você deve dar é assumir o
controle de nossa vida e planejar qual será o caminho a ser trilhado. A
preparação para uma prova, exame ou concurso é uma atividade séria demais para
ser feita aleatoriamente, ao sabor do vento, deixando-se levar como as ondas do
mar. É aconselhável que se tenha um projeto e que, para realizá-lo, se organize
um sistema eficiente de estudo.
Estudar não é uma atividade isolada: o estudo
produtivo e otimizado deve ser organizado como um projeto. E o projeto de
estudo nada mais é do que montar um sistema de estudo.
Sistema é disposição de partes em uma estrutura
organizada. É, pois, uma reunião coordenada e lógica de diversos elementos. O
sistema de estudo será o emprego de um conjunto de técnicas ou métodos voltados
para um resultado. Isso abrange o estudo de qualidade e a coordenação ideal
entre as atividades de estudo, lazer, descanso, trabalho, deslocamento, etc.,
de modo a propiciar um rendimento ótimo nos estudos.
Este sistema deve ser eficiente, eficaz, isto é, capaz de produzir o efeito
desejado, de dar um bom resultado.
Não adianta, como muitas vezes ocorre, a pessoa
parar toda sua vida, lazer, descanso e ficar quase 24 horas ligada em estudo,
estudo, estudo e, em pouco tempo, parar tudo por causa de estresse, depressão
ou coisa semelhante. Um sistema organizado e razoável permite um esforço dosado
e contínuo.
QUALIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
COMPROMISSO
(Persistência, Constância de propósito)
Ao contrário do mero interesse por alguma coisa,
significa querer com constância. David McNally diz que "compromisso é a
disposição de fazer o necessário para conseguir o que você deseja". O
mesmo autor cita, ainda, a explicação de Kenneth Blanchard: "Há uma
diferença entre interesse e compromisso. Quando você está interessado em fazer
alguma coisa, você só faz quando for conveniente. Quando está comprometido com
alguma coisa, você não aceita desculpas, só resultados." É o compromisso
que nos vai fazer sacrificar temporariamente o que for necessário para
estudarmos e perseverar até chegar aonde queremos. Compromisso também pode ser
entendido como perseverança, firmeza de vontade, constância de propósito,
fortaleza.
Thomas Edison, diz-se, só conseguiu transformar em realidade sua visão mental
da lâmpada elétrica na tentativa de nº 10.000. A cada fracasso ele se animava a
continuar tentando dizendo que havia descoberto mais uma forma de não inventar
a lâmpada elétrica.
Há quem ainda distinga compromisso e
comprometimento, que seria um grau ainda maior de interesse. Exemplo: se tenho
que estar em tal lugar em tal dia, tenho um compromisso, ao passo que se estou
querendo ir, estou comprometido com isso.
Assuma a responsabilidade por seu destino, tenha iniciativa e persistência.
Sobre persistência em obedecer a alguma coisa (a Deus, a um objetivo, etc.), se
houver interesse, veja Jeremias, cap. 36. Quanto ao modo de se executar,
reflita sobre Colossenses 3:23: "E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração (...)".
AUTODISCIPLINA (domínio próprio)
Um dos maiores atletas que conhecemos, Oscar
Schmidt, ensina que a diferença entre um bom atleta e um atleta medíocre
(mediano) é que este pára diante das primeiras dificuldades ao passo que
aquele, quando está cansado, dá mais uma volta na pista, e mais uma volta, e
mais uma volta. Assim, aos poucos, vai melhorando, minuto a minuto. Não foi
qualquer um que ensinou isso, foi um dos maiores jogadores de basquete de todos
os tempos. Ele, na verdade, indicou uma qualidade indispensável para um atleta
e para se alcançar um sonho: autodisciplina. Ele também ensina que é preciso
ter-se humildade, não achar que se é o melhor, pois, sempre temos algo a
aprender e a melhorar.
Autodisciplina é a capacidade de a pessoa se
submeter a regras, opções e comportamentos escolhidos por ela mesma, mesmo
diante de dificuldades. Como se vê, autodisciplina significa que vamos
submeter-nos a uma coisa ao invés de outra. Ninguém é completamente livre:
somos sempre escravos da disciplina ou da indisciplina. A disciplina permite
escolhas mais inteligentes e é melhor para efeito de passar em provas e
concursos.
É a autodisciplina que nos dará poder para renunciar,
ainda que temporariamente, a prazeres menos importantes em favor da busca por
prazeres mais importantes. Aqueles que se recusam a ser "mandados"
por uma disciplina auto-imposta são escravos ainda maiores da própria
desorganização, preguiça ou falta de vontade. Nesse sentido, vendo-se as
vantagens do exercício da autodisciplina, podemos dizer que o poeta Renato
Russo estava certo quando cantava, na música "Há Tempos" que
"disciplina é liberdade".
Além de autodisciplina, o sucesso no estudo e nas
provas exige alta disciplina, ou seja, uma alta dose dessa atitude. Em geral,
lidamos com grande quantidade de matéria e grande quantidade de tempo para
aprender tudo. Mesmo que o estudo de qualidade ganhe tempo, você terá que ter
paciência. E disciplina para fazer a coisa certa pelo tempo certo.
A alta disciplina não é só para o estudo, mas
também para manter a atitude mental certa, o equilíbrio, saber administrar o
tempo, descansar na hora de descansar e assim por diante. Se pensar em
desanimar ao saber que vai precisar de auto e alta disciplina, lembre-se de que
a única escolha que você tem é de pagar o preço de aprender ... ou o preço de
não aprender.
A única escolha que você tem é: pagar o preço de
aprender ... ou o preço de não aprender. Para ajudar na autodisciplina,
conscientize-se de que você é responsável por seu futuro. Liste seus objetivos
de curto, médio e longo prazos e periodicamente os releia.
ORGANIZAÇÃO
A importância do planejamento e da organização foi
mostrada por Jesus (Lucas 14:28, 32), em parábola: da mesma forma, quem começa
a estudar deve planejar o desenvolvimento dos estudos, as matérias que precisa
aprender, o material necessário, a administração do tempo, etc., para não
começar mal uma obra ou ir para a guerra despreparado.
Organizar-se é estabelecer prioridades. A
conjugação do estabelecimento de prioridades (planejamento estratégico) com a
autodisciplina (domínio próprio) e com a estruturação das atividades é a melhor
forma de se obter tempo para estudar, para o lazer, descanso, família, etc.
Aprenda a não deixar mais as coisas para a última
hora, seja um trabalho, seja uma inscrição em concurso. Deixar as coisas para o
último dia é pedir para ter problemas e dar chance para o azar. No último dia
uma máquina quebra, alguém fica doente, ocorre um imprevisto, etc. Comece a se
organizar e uma boa dica é essa: cumpra logo suas tarefas. Não procrastine.
Organize-se. Defina suas prioridades. Discipline o
seu tempo. Estabeleça metas e cumpra-as. Ao executar uma coisa, pense apenas nela.
Execute com alegria. Aproveite o dia (carpe diem).
ACUIDADE
Acuidade significa, como ensina o Aurélio,
"agudeza de percepção; perspicácia, finura". Finura, no sentido aqui
tratado, e ainda segundo o Aurélio, significa "afiado, que tem vivacidade,
sagaz". Essa qualidade, pode ser resumida em "prestar atenção".
Isto é o que mais falta quando alguém assiste a uma
aula, lê um livro ou responde a uma questão de prova. Quantas vezes você não
aprendeu alguma coisa apenas porque não estava atento, ou errou uma questão de
prova (uma "casca de banana") porque não estava "ligado" no
que estava fazendo? Apenas por falta de atenção, de acuidade. A regra básica
aqui é, na lição de N. Poussin, a seguinte: "O que vale a pena ser feito
vale a pena ser bem feito."
Assim, se você vai estudar, ler um livro, assistir
a uma aula, fazer uma prova (isto é, se você decidiu fazer isto), faça bem
feito. Para fazer bem é preciso acuidade, ou seja, prestar atenção. Esse
princípio serve para tudo: trabalho, lazer, sexo, etc.
Esteja aberto para a realidade e para novas idéias. Veja, ouça e sinta as
coisas. Participe da vida como ator e não como espectador. Seja sujeito e não
objeto dos acontecimentos. Concentre-se no que faz. Seja curioso. Não tenha
receio de questionar, duvidar, perguntar. Pense, raciocine e reflita sobre o
que está acontecendo ao seu redor.
FLEXIBILIDADE
Talvez esta seja a qualidade mais importante para
que este livro possa ser útil. O meu sistema não será bom para você a menos que
você o adapte à sua realidade, qualidades, defeitos, facilidades e
dificuldades. Adaptação é uma forma de inteligência. Tudo o que você vir, ler,
ouvir, sentir, etc. deve ser avaliado e adaptado. Teste as coisas, veja se
funcionam bem para você ou se, para funcionarem melhor, demandam alguma
modificação. Não tenha receio de criar seus próprios métodos e soluções.
A capacidade de adaptação foi mencionada por um
grande general:
Em suma, você deve ser capaz de - como diz conhecida oração atribuída a um
almirante americano - ter coragem para mudar as coisas que são mutáveis,
resignação para aceitar as que são imutáveis e sabedoria para distinguir ambas.
Para montar seu projeto de estudo, adapte o que é adaptável e adapte-se às
condições que você não tem como alterar.
A flexibilidade é, portanto, a capacidade de
adaptação. Ela será importante em toda a sua vida e, também, para montar um
sistema de estudo. Ela também serve para que possam ir sendo feitas as
modificações necessárias à medida em que forem surgindo novas situações,
circunstâncias, imprevistos, etc.
8ª DICA: DEFININDO
O PRAZO PARA SER APROVADO
Essa é a regra de ouro do candidato. Não defina
prazos: estabeleça um objetivo e tenha a persistência necessária para
alcançá-lo. Como dizia o maior vendedor do mundo: "O fracasso nunca me
alcançará se minha vontade de vencer for suficientemente forte".
Além do mais, o fracasso é uma situação ou um
momento, nunca uma pessoa. Como já disse, você pode acumular concursos em que
não passou mas bastará uma aprovação para "resolver" o problema. E,
de mais a mais, um resultado negativo sequer pode ser considerado um fracasso,
porque sempre se ganha experiência para o próximo concurso (C23). Outro
equívoco é o da pessoa que após um ou dois reveses resolve mudar de carreira ao
invés de persistir em seu intento.
O título deste Capítulo contém uma pequena
armadilha: Como definir o prazo para ser aprovado é exatamente não buscar a sua
definição. O que devemos definir é o objetivo a ser buscado o quanto for
suficiente. Um dos motivos é o fenômeno da agregação cíclica.
9ª DICA:
REDIGINDO RECAPITULAÇÕES E FAZENDO EXERCÍCIOS
Comece a redigir todos os dias ou, pelo menos, toda
semana. Separe horários específicos apenas para redigir. Faça redação geral, de
apoio e específica.
Como diz o brocardo latino Fiat fabricandun faber, fazer se aprende fazendo. Ou
melhor, é indicado obter primeiro uma base teórica, mas a perfeição só
adquire-se com a prática.
Experimente começar a escrever um diário, poesias,
contos, fazer descrições de objetos, narrar fatos ou problemas, dissertações
sobre assuntos em geral e assuntos da matéria da prova. Faça resumos de livros,
filmes, etc.
Treine fazer descrições bem completas,
identificando tudo o que caracteriza a coisa descrita e a distingue das demais.
Façamos um exercício: Descreva um pão de queijo. Isto mesmo. Pare a leitura,
pegue uma folha e comece a trabalhar. Descreva um pão de queijo. Já descreveu? Vamos
lá, pegue uma folha em separado e descreva um pão de queijo.
Estou esperando... esperando... esperando... Pronto.
Acabou? Vamos "corrigir" ? Primeiro passo: Pegue novamente folha em
anexo e:
1 - Veja a "cara" dela. Está bonita?
2 - Por melhor que esteja, tenho certeza que dá
para melhorar. Faça isso. Já fez?
Estou esperando... esperando... esperando. Experimente
conferir se sua descrição pode ir um pouco mais fundo, passando para o campo da
dissertação, onde você pode desenvolver idéias, juízos, valor. Ótimo. Agora
diga-me se você descreveu bem um pão de queijo.
Veja se falou do seu tamanho, cor, temperatura
ideal, sabor, composição (massa, queijo, tempero, etc.), odor, textura,
acompanhamentos ideais (café, refrigerante, etc.), origem (Minas Gerais),
ocasiões e modo de consumo, variedades (simples, com pedaços de outros
ingredientes, com doce de leite, etc.), sua utilidade para reuniões, lanches
rápidos, tira-gostos, etc., lojas especializadas em vender pão de queijo, se
faz diferença ser feito no forno de fogão ou em microondas, sua primeira,
melhor e pior experiência com um pão de queijo, eventuais comparações com
outros tipos de pão (francês, pão de batata, pão integral), etc.
Você falou nisso tudo? Se você não falou é porque
não quis, não teve paciência ou não está treinado para levar a sério a tarefa
de escrever. Vamos, eu tenho certeza que você pode fazer um trabalho
excepcionalmente bonito. Tente agora outra descrição. Que tal o pão francês?
Outro treino útil será experimentar contar uma
história, isto é, fazer uma narração, com todos os seus elementos: personagem
(um pão de queijo que adquiriu vida), ação, espaço, tempo em desenvolvimento,
enredo ou trama e narrador. Escrever uma história irá ajudar muito na
construção daquela já mencionada estrada que liga o cérebro à caneta e esta ao
papel.
Se você sabe descrever um pão de queijo, saberá
certamente descrever qualquer outra coisa que conheça, da vida ou da matéria
que cairá na prova. Em provas jurídicas, uma das questões que os candidatos
consideram mais complicadas é descrever a natureza jurídica de alguma coisa.
Ora, natureza significa, nesta acepção, espécie ou qualidade. Natureza jurídica
será absolutamente a mesma coisa dentro desse universo específico. Para
descrever-se a natureza jurídica de algo, basta dizer o que tal coisa é na
essência, quais as suas características e o que a distingue das demais. Se você
conhece a coisa e sabe escrever, estas questões não serão mais um problema.
10ª DICA:
REDIGINDO RESUMOS PARA A PROVA
Como citei muitas técnicas, vou fazer um resumo
para você lembrar no dia da prova. A técnica que usarei é a do processo
mnemônico.Pense na frase: Até cair foi legal, administrei, revi e descansei.
Agora, repare que a frase é a ligação para uma série de palavras/técnicas:
Até cair foi legal, administrei, revi e descansei. Não
leve isto anotado para o dia da prova pois, embora não o seja, pode ser
considerado como "cola". Memorize a frase e, ao receber seu material
de prova, escreva no caderno de questões ou folha para rascunho. Usando a
técnica, você lembrará as coisas mais importantes para a prova.
At - atitude e atenção
Ca - calma e tranqüilidade
Fo - foco
Le - ler as instruções aos
candidatos e ler a prova com atenção
Administ - administrar o tempo e
administrar o que não sabe
Revi - revisões 1 e 2
Descansei - intervalos, situação,
atitude
At - atitude e atenção. Lembre que
fazer provas é um privilégio, uma oportunidade, que muitos queriam estar onde
você está, lutando por seus sonhos. E tenha atenção, não fique voando.
Ca - calma e tranqüilidade. Um
candidato calmo rende mais. Se preciso, respire lentamente até se acalmar.
Divirta-se.
Fo - foco. O objetivo é passar e,
para passar, a atitude correta é: fazer a melhor prova que eu puder fazer hoje,
devo mostrar meus conhecimentos com clareza e objetividade para deixar o
examinador feliz.
Le - ler as instruções aos
candidatos e ler a prova com atenção. Ler as instruções vai ajudá-lo a fazer a
prova corretamente; ler as questões vai fazer você descobrir o que o examinador
realmente quer saber de você (e não o que você gostaria que ele perguntasse). O
examinador precisa ser atendido.
Administ - administrar o tempo e
administrar o que não sabe. O tempo se administra fazendo as contas e, claro,
treinando antes, para ter prática de fazer provas. Administrar o que não se
sabe é decidir deixar em branco ou mostrar o que for possível de conhecimento.
Revi - revisões 1 e 2. E, se
necessário, o uso da técnica VMR.
Descansei. Implica bom uso dos intervalos para melhorar seu rendimento, em
"descansar" na idéia (atitude) de que concurso se faz até passar, que
se deve exigir apenas o melhor possível, que a situação é favorável (na prova,
você ou vai passar ou vai ver onde precisa melhorar).*
*Para aqueles que, como eu, acreditam que
"todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus"
(Romanos 8:28), também é possível "descansar" nessa ideia. Assim, se
você acredita em Jeová Deus, pode e deve se acalmar com a ajuda d'Ele. Solicite
Seu Espírito Santo, em nome de Jesus Cristo e ele vo-lo dará (Lu 11: 1-13; Mt
6: 9-13).
Fontes: