Blog PREPARANDO-SE
PARA CONCURSOS, de autoria de Álaze Gabriel.
Autoria:
J. W. GRANJEIRO.
Diretor-Presidente do Gran Cursos; Coordenador do Movimento pela Moralização dos Concursos - MMC.
Diariamente, recebo em minha caixa de e-mails e em
minha fan page mensagens com relatos de alunos e ex-alunos sobre
suas experiências bem-sucedidas como concurseiros. Muitas vezes, essas
mensagens manifestam gratidão pela ajuda e incentivo que ofereço em artigos,
palestras e programas de rádio, nos quais procuro demonstrar que depende apenas
de cada um de nós transformar em realidade um sonho como a aprovação em
concurso.
Em alguns casos, sou tocado pela mais profunda emoção, ao
ler histórias de pessoas que se entregaram de corpo e alma à busca de seu lugar
ao sol, que abdicaram de muita coisa importante – até mesmo do sagrado convívio
familiar – para mergulhar nos estudos por meses a fio, e, no fim, colheram os
louros da aprovação e saborearam o doce néctar da vitória com a conquista do
cargo público.
Nos últimos dias, entre tantos casos que me chegaram, um em
particular me tocou o fundo do coração. Vou reproduzi-lo aqui, sem citar nomes,
por se tratar de correspondência particular, como forma de incentivo para
milhares de candidatas que possam estar vivendo situação parecida com a da
ex-aluna que me escreveu. Pessoas nessas circunstâncias precisam, mais do que
ninguém, de uma injeção de ânimo para continuar a difícil jornada de superação
e autoafirmação por trás da preparação para prestar concurso.
Aí vai o relato, com as devidas adaptações, do que foi a
bem-sucedida aventura de uma mulher guerreira no mundo dos concursos públicos.
“Boa tarde, Professor.
Quero hoje contar para o senhor um pouco da minha história.
Posso até não chegar a conhecer o senhor pessoalmente, mas você faz parte da
minha superação e principalmente da minha APROVAÇÃO.
Fui aprovada em oitavo lugar no concurso do Ministério
da Cultura para o cargo de nível médio, mas até essa aprovação passei
por momentos de tristeza, outros de confiança; muitas vezes chorei em cima
dos livros e apostilas. E era nesses momentos de falta de confiança que eu lia
seus artigos e me apegava às suas palavras de incentivo.
Decidi voltar a estudar depois de oito anos sem
nem pegar em um livro, quando meu esposo foi demitido de um emprego em que ele
já trabalhava havia onze anos.
Meu nome é M.G.S., 27 anos, mãe de duas meninas lindas, K.,
de 5 anos, e V., de 3 anos. Há exatamente um ano e oito meses comecei
a estudar. No início, estudava só quatro horas por dia, mas vi que
não era suficiente e então passei a estudar oito horas todos os dias.
Sentia-me tão culpada porque eu só estudava e não cuidava da
casa, não cuidava das minhas filhas direito e todas as minhas outras obrigações
eu fazia pela metade, mas não abria mão de estudar as oito horas diárias.
Quando saiu o concurso
do Ministério da Fazenda, uma amiga minha falou para mim que
acreditava tanto na minha aprovação que ela pagou o cursinho para mim
na Ceilândia. Mas infelizmente não fui aprovada.
Então, como não tinha dinheiro para fazer outro cursinho
nem para comprar os livros que eu precisava, meu irmão começou a me ajudar. Ele
me dava cem reais todo mês para custear meus estudos e em troca eu
arrumava a casa e lavava a roupa dele.
E foi assim, nessa luta, que eu consegui essa primeira
aprovação. Como eu estou feliz e me sentindo realizada! E, se Deus quiser,
quando eu for nomeada e começar a trabalhar, vou ter dinheiro para fazer um
outro cursinho e passar em outros concursos.
Muito obrigada, Professor.
Desculpe-me se tem erro de ortografia e outros mais.
Ainda não aprendi a fazer redação. Sempre estudei em escola pública e no
meu tempo os professores não ensinavam a fazer redação.”
Diante de relatos como o dessa jovem mãe concurseira, é
difícil conter a emoção. São casos como esse que me fazem sentir plenamente
realizado em minha missão de professor dedicado aos concursos públicos já por
mais de duas décadas. Histórias assim revigoram minhas forças e meu interesse
por ajudar as pessoas a alcançar o objetivo de se tornar servidor público e
garantir uma vida melhor, mais digna e tranquila para toda a família.
Não há vitória sem sacrifício. Essa é uma constatação que
se confirma a cada concurso, quando sai a lista dos aprovados. Como ocorrerá
mais uma vez no concurso deste domingo, 24 de março, quando 87 mil candidatos
disputarão as 1,8 mil vagas oferecidas pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, nosso popular TJDFT.
Quando soar a sirene que dará início à prova, lá estarão
milhares de mulheres semelhantes à personagem do meu artigo desta semana. São
jovens mães de família que se tornaram concurseiras por absoluta necessidade de
sobrevivência ou porque veem no serviço público uma opção profissional que lhes
proporcione qualidade de vida bem melhor do que a atual. Em comum, todas elas
tiveram de deixar de lado durante algum tempo prioridades anteriores, para
lutar de igual para igual com milhares de concorrentes e sair vitoriosas.
Tenho escrito muito sobre o fato de as mulheres já
dominarem a área de concursos públicos, numa proporção de 60% contra 40% de
homens. Por consequência, elas também ocupam cada vez mais cargos preenchidos
por concurso público, que antes eram de predominância masculina nas mais
diversas áreas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Isso apesar de a
maioria delas ainda ter de cumprir dupla jornada de trabalho, no lar e no
ambiente profissional, o que não é o caso dos homens em nossa sociedade. Há,
portanto, uma desvantagem evidente para elas, transposta graças à inteligência,
à garra e à capacidade de superação inerentes ao sexo feminino.
No artigo da semana passada, narrei outra história exemplar
de sucesso, a do juiz Pedro Santos, que aos 25 anos se tornou o mais jovem
membro da magistratura federal do Brasil, isso depois de ser aprovado em outros
dificílimos concursos públicos da área jurídica, alguns deles em primeiro
lugar. Vejo semelhanças entre o caso dele e o da mãe concurseira que me
inspirou o artigo desta semana. Em ambas as situações, foi necessária muita
determinação, ou melhor, uma férrea vontade de vencer os obstáculos interpostos
no caminho rumo aos objetivos de nossos heróis. Sem essa determinação de
maratonista, nem Pedro Santos, nem M.G.S. jamais teriam alcançado a linha de
chegada da aprovação nos concursos a que se submeteram.
Espero que o exemplo desses dois guerreiros sirva para
todos os concurseiros que me leem. Em especial, espero que inspire as mulheres,
que encontram em uma dessas histórias o comovente retrato de uma mulher
modesta, mas determinada, que fez da aprovação em concurso público a sua meta e
já alcançou a primeira vitória. Estou certo de que a experiência foi tão
gratificante que ela, em breve, terá para nos contar mais aprovações, conforme
prevê em sua carta.
Para mim, nada é mais gratificante do que saborear o
triunfo de meus alunos e ex-alunos. No fim das contas, é o que vale para um
veterano professor se considerar bem-sucedido na vida. Afinal, sempre haverá
alguém para contar histórias como essas, em algum órgão público de algum lugar
do Brasil. Quando o personagem principal dessas histórias é do sexo feminino, o
exemplo ganha ainda mais relevo, por tudo aquilo que as mulheres precisam
enfrentar para vencer a dura competição que envolve o concurso público.
A propósito, em meu artigo sobre o Dia Internacional da
Mulher, comemorado em 8 de março, citei uma frase da escritora Martha Medeiros
para ilustrar o momento de ascensão feminina no mundo moderno. Volto a recorrer
aos brilhantes pensamentos de Martha, como corolário do meu texto desta semana,
e em homenagem a todas as mulheres, concurseiras ou não, que me leem neste
momento, para sintetizar o novo papel que elas desempenham na sociedade:
“Ser livre é fazer as próprias escolhas. Muitos dos nossos
medos são herdados dos nossos pais. Quando vamos ver, somos mais audaciosas do
que pensávamos.”
Tenho certeza de que, com a liberdade de fazer as próprias
escolhas e a audácia que supera os velhos medos hereditários, vocês, queridas
amigas e concurseiras, estarão a caminho de conquistar, até mais depressa do
que esperam, o seu
FELIZ CARGO NOVO!